De minha graça, Carla Paixão…

Mulher, Mãe, Jornalista e (sempre) Aprendiz… 


"A missão da mulher é assombrar, espantar De resto, não é só a mulher. Todos os seres humanos têm que deslumbrar os seus semelhantes para serem um acontecimento. Temos que ser um acontecimento uns para os outros. Então, a pessoa tem que fazer o possível para deslumbrar o seu semelhante, para que a vida seja um motivo de deslumbramento…"

Natália Correia, 1983

Sou feita de retalhos tecidos de gentes e lugares. Sou gente feita de gente. De tanta gente. Sou da terra. Da terra molhada. Daquele quintal. Daquele pedaço de chão. Sou gente de tanta gente. Sou gente de ninguém. Sou de um lugar. Sou de lugar nenhum.

Sou. De minha graça, Carla Paixão. Assim me chamaram meus pais no dia em que nasci. Um domingo de Páscoa, do ano de 1980, na bonita maternidade do hospital de Torres Novas. Minha avó, Gracinda, mãe de meu pai, rezou a Nossa Senhora de Fátima. Meu avô, José, pai de minha mãe, diz, (dizia), que nesse santo dia, em meus olhos negros e arregalados, descobriu um palmo de gente com pressa de abraçar o mundo. Viu espanto e desassossego. Terei eu visto amor. De meus pais, meus avós, meus tios e meus primos. Nesse amor, encontrei colo. A esse colo, volto. Sempre. E àquele quintal pequenino também. Ali, onde afundo os pés na terra, com os olhos postos no infinito. E noutros lugares também. Porque, outros lugares tenho em mim.

Gosto de Coimbra. Cidade dos estudantes. Cidade dos amores. Cidade, saudade.

Em Coimbra estudei. Capa negra usei. 

Gosto de Lisboa. Gosto muito de Lisboa. Do Bairro Alto, de Alfama e da Madragoa. Da Avenida de Roma, da Sacadura Cabral, do Campo Pequeno e de Picoas.

Em Lisboa vivi. Descobri. Fui, tão eu. Tão feliz.

Gosto de Leiria. Cidade do Liz.

Em Leiria, sou aprendiz.

Minhas cidades encantadas…

Gosto de silêncio. Gosto de rir. Gosto de ir.

Gosto de gente que é gente.

Gosto dos braços dos meus filhos enrolados no meu abraço.

Gosto de calma. Gosto de alma.

Gosto de verdade. Gosto da verdade.

Sou de raízes profundas. Também sou de horizontes vastos.

Sou tempestade. Sou calmaria.

Sou tanto. E sou coisa nenhuma.

Não gosto de me contar. Ninguém é o que diz ser.

Os olhos com que me vejo, não veem o que os olhos dos outros em mim podem encontrar.

Carla Paixão

"Acho que o segredo da nossa personalidade está naquilo que nós ignoramos de nós próprios.

Quando pretendemos racionalizar, as coisas escapam-nos."

Natália Correia



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